Desde pequena Dory sempre esteve preocupada com a sua constante perda de memória recente. Uma característica que mereceu uma atenção especial de seus pais na hora de passar os ensinamentos básicos de sobrevivência – mesmo que ela se esquecesse deles no momento seguinte.
Procurando Dory se passa um ano depois em que ela encontra Marlin e partem em busca de Nemo pelo mar selvagem rumo a Sidney. A continuação repete a mesma estrutura do primeiro, mas com um parque aquático na Califórnia como destino. Suposto local em que Dory nasceu e escapou, acidentalmente, não conseguindo mais voltar por razões óbvias. Tudo isso a partir de memórias vagas e constantes que Dory passou a ter em relação aos seus pais.
No caminho, a produção resgata personagens secundários e enquanto novos são inseridos já na Califórnia, onde o trio de protagonistas se separam novamente. Marlin e Nemo não conseguem entrar no instituto junto com Dory. Os peixes-palhaço obtêm auxílio de dois leões-marinhos para ultrapassarem as barreiras externas da instituição aquática, enquanto o lula Hank utiliza suas habilidades de camuflagem para ajudar Dory a encontrar seus pais movido por interesses próprios: a etiqueta laranja dada à peixinha desmemoriada e garantir uma passagem de ida à tranquilidade dos tanques fechados em Cleveland, longe do mar aberto.
Há em Procurando Dory um afeto muito grande com os personagens apresentados – carinho acumulado nesses treze anos que separam o lançamento do primeiro com o do segundo filme. Felizmente, os produtores não se acomodam na elaboração da história. Embora o roteiro recorra demasiadamente às soluções fáceis para resolver as problemáticas enfrentadas pelos protagonistas, ele ainda consegue transmitir uma linda mensagem e ao mesmo tempo divertir – através da aventura no tempo presente – e emocionar – pelos flashbacks – ao construir a trajetória de Dory. Quando um caminho de conchas prenuncia um reencontro próximo é quando a animação evoca a mais genuína das emoções em seu espectador, tornando-se um momento merecidamente memorável.
O filme-solo da peixinha Dory vai na contra-mão de todas as continuações desnecessárias que Hollywood inventa de realizar apenas para angariar mais dividendos para indústria: ou é explorando uma franquia à exaustão (não é A Era do Gelo?) ou apostando em personagens secundários de grandes sucessos. E nem sempre nos deparamos com um Procurando Dory pelo caminho…
NOTA: 4/5