Há quem diga que a tela de cinema é uma janela aberta para o mundo criativo humano. Por ali passam todos os sonhos, anseios, medos e desejos do homem, seja ele o realizador ou o espectador que se vê, em partes ou completamente, refletido na tela.
Em outros momentos, o Cinema deixa de ser essa máquina de sonhos e abre suas janelas para o mundo e torna-se uma testemunha ocular da nossa realidade, da nossa história, de nossos principais “personagens” e de nossa existência. E são os documentários os responsáveis por deixar essa luz da realidade passar. E é exatamente a janela a principal imagem, a principal marca gráfica do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade em 2016, chegando à sua 21ª edição.
Muitas janelas são necessárias para entender esse mundo conturbado no qual vivemos. Crises políticas, instabilidade econômica, extremismo religioso acentuado, opiniões exacerbadas que bloqueiam qualquer iniciativa de argumentação ponderada, tragédias ambientais… Cada faceta desse nosso mundo complexo terá ao menos uma produção em destaque abordando-a.
Mostra Competitiva
A tragédia de Mariana/MG ganha ecos em Gigante, uma produção francesa que denuncia como o modo predatório de exploração da mineração ocasionou um desastre ecológico na Mongólia e em Catástrofe, um documentário russo que revela como a tragédia em uma hidrelétrica naquele país continua sem solução mesmo passados cinco anos.
Na co-produção Brasil e Espanha, O Futebol, pai e filho estão separados por mais de 20 anos e veem na realização da Copa do Mundo de 2014 aqui no país, uma oportunidade única para repassar a limpo o passado.
O Estado das Coisas
A sessão de abertura do festival em São Paulo traz o grande vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim (realizado no último mês de fevereiro), Fogo no Mar, que aborda a chegada de refugiados na Europa.
Na mostra “O Estado das Coisas“ os destaques ficam com Atentados: As Faces do Terror que examina as trajetórias de alguns extremistas responsáveis pelos atentados ao semanário Charlie Hebdo, ao mercado Hyper Cacher e à casa de shows Bataclan.
O censurado Sob o Sol torna pública a manipulação do governo norte-coreano na fabricação da imagem falsa de um país ideal e O Deserto do Deserto, uma visão brasileira de um dos mais longos e menos conhecidos conflitos do mundo na Saara Ocidental, onde o povo local saharaui enfrenta uma forte dispersão e uma guerra intermitente desde que os colonizadores espanhóis devolveram as terras africanas ao Marrocos e à Mauritânia.

Cinema Olympia
Com as Olimpíadas de 2016 ocorrendo em agosto no Rio de Janeiro, a mostra especial “Cinema Olympia” vem recheada de documentários sobre os Jogos Olímpicos. Os Jogos de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014 por exemplo, ganha dois enfoques diferentes e ambos russos: um a respeito da tecnologia e o aumento da presença feminina na competição em Anéis do Mundo e Espírito em Movimento aborda seis atletas do país competindo por uma vaga nos Jogos Paraolímpicos de Inverno do mesmo ano, onde suas limitações físicas são apenas uma dificuldade a mais em suas vidas.
A abordagem dupla também ocorre sobre as Olimpíadas de Helsinque (1952), a primeira competição a contar com a participação da URSS nos primeiros anos da Guerra Fria: são os documentários Olympia 52 (de 1954) e Um Novo Olhar sobre Olympia 52 (de 2013).
Já Os Campeões de Hitler fala sobre como o nazismo transformou o esporte em um dos instrumentos mais importantes para defender a “pureza ariana” e como os esportistas alemães foram pressionados a quebrar todos os recordes nesse sentido.
Retrospectiva Brasileira: Carlos Nader
A sessão “Retrospectiva Brasileira” homenageia o cineasta Carlos Nader, o diretor mais premiado da história do festival na competição de média/longa-metragem nacional. Entre outras obras, o público poderá (re)ver os documentários premiados Pan-Cinema Permanente (vencedor da edição de 2008 do festival), Homem Comum (vencedor de 2014) terá duas exibições diferentes exibidas dessa vez e o grande vencedor do ano passado A Paixão de JL.
Outros Destaques
O festival ainda inaugura o Circuito Spcine de Cinema ocupando dois centros culturais e quatro CEUs (Centro Educacional Unificado) espalhados pela cidade de São Paulo – são eles: Butantã, Jaçanã, Meninos e Quinta do Sol. O Cine Olido recebe um ciclo especial com a exibição de documentários olímpicos nacionais e o Centro Cultural de São Paulo, por sua vez, recebe uma seleção especial das mostras informativas do É Tudo Verdade 2016.
O Festival É Tudo Verdade acontece entre os dias 07 e 17 de abril nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Período em que serão exibidas todas as 85 produções de 26 países selecionadas para essa edição que contará ao todo com 22 estreias mundiais. Todas as sessões das mostras competitivas e especiais são gratuitas e abertas ao público. Assim como no ano passado, o festival continua a habilitar os curtas-metragens vencedores para se inscreverem na disputa ao Oscar de mesma categoria.
Logo em seguida, as cidades de Belo Horizonte, Brasília, Recife e Santos recebem a itinerância do festival com os premiados e os destaques desse ano. Para informações completas de todos os selecionados e da programação, assim como os demais locais de exibição, basta acessar o site oficial do festival: www.etudoverdade.com.br.
Fiquem ligados aqui no Ser ou Não Sei porque o Universo E! (www.serounaosei.com/universo-e) se fará, mais uma vez, presente no festival! Abaixo você tem os links para textos da nossa cobertura do ano passado. Até breve!
FESTIVAL É TUDO VERDADE 2015
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FESTIVAL É TUDO VERDADE 2016
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