Ouço a força com que bates na minha janela. Forte e decidida, não duvido da intenção de adentrar meu lar, se espalhando por cada canto possível, derrubar os vidros, os objetos mais soltos. Não tem medo de me causar mal. Tens consciência da mentira sobre sua natureza má e adoentadora. A verdade é bem contrária; fico ao lado de fora te esperando, pronto para receber-te.
Começas grossa e lenta. Teus traços só podem ser notados com muita atenção, e no caso, eu sempre olho aos céus pedindo tua vinda (e fico observando cada detalhe com possível função de anúncio). A chegada é gradual. Cada momento é mais intenso comparado ao anterior e meu sentimento de euforia só cresce mais e mais. Agradeço o refresco de sua presença com o meu coração batendo a milhão; não entendo muito bem o porquê da adrenalina toda, se sua presença é (quase) rotineira.
O hormônio se faz necessário durante seu estabelecimento. Agora, és fina e rápida, e mudou desta maneira em questão de momentos. Penetra cada centímetro da minha alma, sinto a ti em cada toque, cada respiração, cada passo, pois caminho ao teu lado. Desta maneira, compartilhamos o mesmo caminho, e todos os possíveis. Mas não é eterno. De repente, já não está do meu lado, somente teus rastros. Deixa-me desprotegido, assustado, confuso. O caminho seguido por mim tem todos os teus sinais, mas sinto tua falta.
Por que já não choves mais para mim? Onde está sua companhia?
Ela já volta, afinal, moramos na terra da garoa.