Ler é uma experiência que é capaz de transportar alguém do aconchego de sua casa até outra cidade, país, planeta ou até mesmo galáxia em questão de palavras; capaz de trazer emoções à flor da pele para a mais fria das pessoas. Pode também ensinar, mudar pensamentos, construir caráter, enfim, através da leitura é possível sair da apatia cultural e entrar em um novo mundo, o mundo fantástico da literatura. Mas para ler, alguém tem que escrever.
E com o objetivo de estimular justamente o outro lado da mesa, o lado de quem escreve, é que surge o Concurso de Contos Ser ou não Sei. Quando fui convidado a fazer parte do júri desse concurso não imaginei a repercussão que tal teria, admito ter ficado surpreso com a quantidade de contos e principalemente com a variedade de pessoas que escreveram, com uma boa participação dos nossos amigos de Portugal, e contos enviados até do Japão. Mais de 250 contos encheram a “inbox” do Ser ou não Sei. Não foi uma tarefa fácil, mas sem dúvida uma que valeu a pena! Vários contos e crônicas com qualidade impressionante, em meio a muitos que quase me fizeram chorar. O que eu tenho a ressaltar é que eu quero mais, é incrível ler esses talentos escondidos que temos pelo Brasil e pelo mundo.
Não é mentira, eu quero mais, mas admito que o processo de julgamento é cansativo. São muitas páginas para se ler, e ler em uma plataforma virtual pra mim já é uma desvantagem, eu amo o papel, acho inconparável uma leitura feita em um livro físico, mesmo reconhecendo que plataforma como o Kindle também proporcionem uma boa experiência de leitura. Quanto mais 8 horas de leitura quase que direta, com pausas pra comer e assistir Mad Max. Sim, eu fiz isso, por quê? Sou maluco, e amo ler (E tinha que entregar no prazo as notas). Ao fim dessa maratona maluca estava exausto mas feliz, foi uma experiência interessante porque ler muitos contos em uma única leitura me fez perceber ainda mais a qualidade de alguns, e em contrapartida a falta da mesma em outros. Um ponto negativo foi que fiquei até certo ponto saturado, o que se mostrou evidente no SnsCast sobre o concurso, onde detalhes como a fonte de um dos contos se mostrou bem polêmico. Sim, esse fato me irrita até hoje, mas admito ter exagerado ao reclamar repetidamente do mesmo, lição aprendida.
Muitos contos por pessoas jovens me surpreendeu, não só por qualidade gramatical, mas por qualidade narrativa e criatividade ao desenvolver histórias e personagens. É impressionante se deparar com um conto por uma pessoa de 12 anos ter mais maturidade literária do que pessoas mais velhas, pessoas supostamente com mais cultura, inclusive professores, advogados, etc. Não menosprezando o valor do jovem, pelo contrário, evidenciando esse valor. Contos como “Doze Badaladas”, “Ninguém”, “Café sobre a mesa” demonstraram grande competência em suas propostas, assim como vários outros. Já contos como “O homem e a mulher com roupas negras”, “Careca cabeludo caído”, “Abutre” são só ruins mesmo.
Aguardo ansioso para o próximo, dessa vez, mais maduro também como jurado, e tendo aprendido com as lições desse. E no aguardo principalmete de ler mais desses talentos escondidos pelo Brasil. Lembrando que se alguém quiser uma avaliação mais detalhada do seu conto, pode me contactar através do e-mail: amoscaldeira@gmail.com. E quem tiver alguma crítica ou pergunta, os comentários estão aí, assim como podem entrar em contato através do meu facebook e twitter, será um prazer responder. Parabéns a todos os participantes!